Correntes -12-

Eu continuei seguindo, até que senti mãos macias tocarem as minhas, no mesmo instante percebi que era  Ritchie. Ele abriu uma porta, havia luz, embora fosse pouca.
Eu estava envergonhada por ter desmaiado. Estava me sentindo uma idiota por tudo...Principalmente por amá-lo sem conhecê-lo direito.
Ele puxou uma cadeira para que eu pudesse me sentar. Tinha um castiçal no centro da mesa em que me sentei.
Ele se sentou ao meu lado e eu comi umas torradas que estavam á minha frente.
-Preciso te falar uma coisa.
-Diga.
-Eu não sei se devo.
-Deve, agora fiquei curiosa.
-Case-se comigo.
Ele disse me mostrando um lindo anel brilhante.
-E-eu n-n-não sei se posso, quer dizer a gente mal se conhece, ainda não sei nada sobre você e... e-eu ahw... Eu aceito.
Ele me beijou e ficou dizendo o quanto eu era especial pra ele enquanto punha aquele anel no meu dedo.
Ele me cobriu com um casaco e me levou até umas outras salas, até que finalmente pude ver a luz do sol.
-Onde estão minhas roupas? As que eu te encontrei ontem...
-Eu as devolverei amanhã...Prometo.
Decidi não fazer muitas perguntas.
Fui dali (da casa dele) direto para o trabalho.
Contei a novidade á todos do meu serviço, e pras garotas da banda, e pro pessoal da faculdade, e pros meus pais e pra minha família toda...
Depois me arrependi.
Agora eu me casaria com um completo desconhecido. Mas talvez fosse melhor assim...
As coisas intensas e mal planejadas são as que duram por mais tempo e me fazem mais feliz.
Um sorriso inocente surgia no meu rosto a cada vez que eu olhava para aquele anel.

Correntes -11-

Eu não podia negar que alguma coisa estava acontecendo comigo.
Não podia negar as esperanças tolas que preenchiam meu coração.
Parecia que Deus tinha saído de sua crise comigo e resolveu me ajudar...
O problema é não saber o que fazer, o que procurar, com o que sonhar e quem amar.
Me sentia caindo num poço sem fim onde ao invés de soluções, surgiam apenas mais dúvidas e mais portas, e quando abrisse uma, haveriam mais de cem.
Meu cérebro dava nós com os nós já existentes.
Quem é Ritchie?
Por que eu gosto dele?
Por que tudo melhorou (ou piorou ainda não sei ao certo) depois que o conheci?
Sentia como se o céu estivesse prestes a cair sobre minha cabeça.
Eu apenas posso pedir por proteção. Apenas posso pedir por determinação para encontrar as respostas.
Mas eu estou acorrentada a esse ciclo de dúvidas... Me parece que este é inquebrável, imutável e insolucionável.
Eu preciso tentar.
Eu vou conseguir tudo o que eu quiser, conseguir as respostas desse suposto e confuso amor.
Recebi rosas vermelhas na porta de casa, estavam com um bilhete dele perguntando se eu havia descoberto alguma coisa e pedindo para encontrá-lo.
Eu, boba, me arrumei e fui imediatamente para o ponto de encontro.
Para minha "surpresa" ele não veio.
Não sei porque fiquei triste... Pela cor do céu, já sabia que ele não apareceria.
Eu estava voltando pra casa e ele saltou de uma árvore bem na minha frente.
Eu me assustei, lógico, dei um tapa no braço dele, parei, olhei em seus olhos e caí de joelhos no chão chorando.
Ele se ajoelhou, secou uma de minhas lágrimas com a ponta dos dedos gelados. ele me beijou e me abraçou e eu ainda chorava.
-Pare de chorar, por favor, eu não vou suportar te ver assim...
-Eu não posso...
E então, não me lembro de mais nada.
Acordei num lugar escuro, frio, com roupas finas e delicadas (pude perceber pela textura).
O desespero tomou conta de mim. Estava com medo. Sozinha e com frio.
-Vivienne, por aqui...-Ouvi o doce som da voz de Ritchie e fui seguindo, sem saber para onde estava indo.

Correntes -10-

Esta manhã estava extremamente fria, por um instante pensei que cairia neve.
Estava com uma sensação de vazio. Sensação que ignorei por completo.
Pão, café e leite.
"Assim que você acordar", Kiara Rocks nos meu fones gritando aquela música que me fez refletir...Sobre ele e sobre o que eu estava sentindo...
Estava lotada de pedidos de cafés expressos e cappuccinos.
Avental e touca não eram roupas quentes e calor era tudo o que eu mais queria neste momento. Não me importava se fosse apenas a fumaça dos cafés e dos pães na chapa ou o calor de um abraço.
Tentei ser o mais agradável e gentil, mas o sono e o frio estavam estampados na minha face assim como reconhcemos compradores de ouro nos centros das cidades.
No almoço fui comprar um pouco de tecido, precisava para a faculdade.
Aliás, nunca falei da minha "vida" na faculdade...
Sento-me na segunda carteira perto da porta(ao contrário dos personagens principais de animes (perto da janela, lado esquerdo, últimas carteiras), meus professores são ótimos e acreditam em mim, embora ultimamente eu não esteja merecendo tantas esperanças, mal presto atenção nas aulas tenho "coisas de mais para pensar".
 Na manhã seguinte acordei com os primeiros raios de sol da manhã, para minha alegria não estava tão frio e eu não me sentia vazia.
Era minha folga do serviço.
Tirei o dia para ensaiar, no final eu e as garotas fizemos um showzinho acústico numa praça da cidade e para nossa surpresa, ficou lotado de estudantes adolescentes que nos aplaudiram e colocaram o dinheiro de seus lanches no meu chapéu de cowboy que estava no chão.
Conseguimos R$89,00... É um bom número para um show arranjado do nada.
Paramos num bar e pedimos uma garrafa de vodka e uma ou duas doses de menta.
Pode ter sido impressão minha, mas vi Ritchie no outro canto do bar fumando um cigarro barato.
Meu coração acelerou mas eu não estava bem o suficiente fisicamente falando para ir até ele. Pegamos nossos instrumentos e pedimos um taxi.
E então nossos R$89,00 tiveram seu trágico fim.
Chegando em casa tinha frango frito, comi e dormi, assim, automaticamente.
Flores de cerejeira caiam sobre a escuridão... Sim, neste novo sonho eu estava naquela escuridão, mas desta vez, ao invés de sangue, flores de cerejeira.

Correntes -9-

Estava caminhando sozinha, a única coisa visível era a Lua.
Gotas viscosas caiam sobre meu corpo desprotegido e nú...
Um vislumbre de luz me fez perceber a cor carmim, era sangue.

De onde veio aquele sangue? Eu não sei. Como fui parar naquela escuridão? Também não sei.
E então me veio aquele cheiro familiar. Cheiro de homem. Era o cheiro do Ritchie.
Procurei-o em todos os lados. Mas ele não estava em parte alguma, se estava, não o vi porque estava escuro demais para que eu visse um palmo diante do meu nariz.
Estava frio, eu estava com muito medo e então pude sentir vultos velozes passando por perto.
Eu não sabia o que fazer, tentei gritar mas não tinha voz. Não tinha som algum.
A adrenalina percorria minhas veias.
O despertador tocou e eu percebi que tinha sido apenas mais um sonho.
Estes sonhos estão me deixando maluca.

-Correntes 8-

Eu desejava saber tudo sobre ele, me tornar a garota dos sonhos dele.
Coração bobo e apaixonado.
Fui trabalhar e para o ensaio da banda depois.
Fizemos uns covers de The Cure... A melancolia daquelas doces melodias faziam minha  respiração diminuir ao mesmo tempo que  fazia meu coração acelerar.
E enquanto eu tocava minha cabeça viajava por terras desconhecidas onde tudo era perfeito porque minha paixão por ele era o centro do universo.
Me senti como uma adolescente novamente.
-Vivienne! preste atenção! agora nós temos que trabalhar nas músicas novas... Eu hein?! parece que fumou maconha garota- Repreendeu-me Angel de uma maneira cômica e até mesmo gentil.
Tentei dar o melhor de mim para as composições das músicas, mas quando minha alma e meu instrumento entravam em sincronia não ouvia nada mais...
Os ensaios acabaram por hoje e chegando em casa, desenhei o modelo do vestido do sonho e comecei a costurá-lo.
Meus olhos encheram-se de lágrimas quando a agulha fez sua primeira volta na base do vestido. Me pareceu que eu deveria mesmo estar fazendo aquele vestido para estar com ele denovo.
E então nos dias que se seguiram eu mal dormi, apenas fiquei ali, com a luz fraca do meu quarto costurando e costurando e costurando. De vez enquando eu lia um pouco.
Mal comia também. Me dediquei em tempo integral pelo vestido.
Mas uma vez pensei, "Largue de ser boba Vivienne, esqueça-o!"...
Depois de semanas terminei meu vestido. Provei-o, caiu como uma luva. Era quase tão bonito quanto o do sonho.
Para a minha "surpresa" no dia seguinte, naquela mesa, estava outro bilhete de Ritchie dizendo que queria me encontrar.
Eu sem pensar muito terminei o trabalho e corri para o ponto de encontro e lá estava ele. Os longos cabelos  brancos amarrados, camiseta e calça jeans, mais clássico e mais bonito impossível.
Perguntei por que ele sumia ás vezes.
-Você não me procura nos lugares certos.-Disse mais uma vez com aquele sorriso no rosto.
-E em que lugares eu deveria procurar?
-Onde você acha que eu posso estar?
-Em vários lugares, eu não sei n-a-d-a sobre você.
-Sabe que eu gosto de você
Minhas bochechas coraram e eu fiquei sem resposta.
-Desculpe-me, é que você precisa descobrir sozinha. Não posso te falar nada. Eu por exemplo, descobri tudo sobre você sem que você soubesse que eu estava te observando. Sei que você toca contrabaixo, tem uma banda, gosta de muitas coisas e que se chama Vivienne por causa de sua mãe.Me perdoe.
-Eu vou descobrir.
Ele sorriu e eu o abracei. Então senti lágrimas gélidas na minha roupa... Estaria ele chorando? Não. Ele é tão sorridente... Será que eu disse algo errado?
-Feche os olhos.-Ele murmurou.
Eu fechei meus olhos, senti ele se aproximando devagar e então lábios macios tocaram de leve os meus. Deixei minha boca entreaberta e ele me beijou, nossas línguas pareciam fazer amor, era um beijo intenso, apaixonado, mas ao término deste beijo seus olhos não demonstravam mais nenhuma emoção. Eu sorri e automáticamente ele sorriu também. Acariciou minha face. Inclinou-se para me beijar denovo. Me beijou como se realmente precisasse de mim e mordeu meu lábio inferior, pude sentir-me sangrar. O sangue quente deu um toque mágico á paixão que eu sentia naquele momento.
Senti que precisava dele sempre por perto para poder sorrir.
-Me desculpe.-Ele disse.-Preciso ir.
-Não vá!-eu disse com lágrimas nos olhos-Por favor, não vá! Eu não quero que você vá!
-Me desculpe... Disse ele.
Mais um  beijo.
Eu fiquei ali parada, iluminada pela luz da lua, com a mão estendida num gesto desesperado de que ele fosse voltar... Óbvio que ele não voltou. E eu fiquei ali parada com os olhos cheios d'água vendo ele partir de cabeça baixa, pensativo. E então as lágrimas escorreram... Eu saí correndo na escuridão desejando ele... Saí como se meu coração estivesse sangrando. Eu preciso dele por perto. Disso eu tenho certeza agora.

Correntes-7-

Aqueles momentos de solidão "sem causa" e nem razão se alastraram por mais algum tempo, até que finalmente quase o esqueci.
Estava apressada como sempre, minha vida estava corrida, eu mal tinha tempo de pensar em mim.
Ia para casa e mal brincava com meu hamster, mal falava com minha familia, ia pra lá estudar mais ainda, comer e dormir... Super cansada... Apenas isso.
Numa dessas noites, apaguei. Deitei na cama e  não me lembrei de mais nada, mas então abri os olhos e lá estava eu, com um perfeito vestido cor de sangue... Cor que acredito eu, ressaltava "meus atributos"... Meus cabelos esvoaçavam, não sei como, afinal era uma sala fechada, dourada...
E então ele chegou. Tive uma grande dificuldade de percepção... Era sonho ou não?
Ele estava com um terno e uma gravata, muito mais bonito do que eu me lembrava, então uma música lenta começou de fundo e ele me tirou para dançar.
Aquele sorriso e aquele olhar por um instante tomaram todos os meus pensamentos... Eu apenas consegui curtir aquela dança naqueles braços fortes.
Rodopiávamos, sorríamos, estavamos nos céus.
Ele acariciava minhas mãos e desliva suas mãos por meus cabelos, numa frustrante tentativa de bagunçá-los.
Enquanto eu parei sem avisá-lo. Fiquei ali parada. Apenas olhando aqueles olhos que nesta noite estavam num tom de amarelo dourado. Fiquei olhando para ele, perdidamente apaixonada creio eu. Ele não desviou os olhos.
Estávamos a uma distância boa o suficiente para um beijo, mas nada fizemos, apenas ficamos ali nos olhando fixamente.
A sala ao nosso redor começou a derreter, desaparecer, mas continuávamos ali.
-Pare de me olhar, ou então serei obrigada a te beijar.-eu disse para acabar com aquela situação, minhas bochechas estavam completamente coradas.
-Você não pode.-Disse ele reprimindo os lábios. Deitou no meu  ombro e eu segurei suas mãos.
A luz começou a aumentar relativamente. Abri os olhos, era um sonho afinal.
Confesso que senti uma enorme pontada de decepção.
Meu coração batia rápido e eu tinha a sensação de que ele estava aqui, sentia o cheiro dele no meu moletom surrado, mas era só minha imaginação. Não havia nada, era mais um doce sonho para me trazer inúteis esperanças mais uma vez.
Foram tantas decepções...
Mas talvez eu esteja enganada desta vez...
Talvez eu esteja amando ele...
Eu não sei.
Apenas sei que quero vê-lo denovo.
Mas dizer exatamente o que eu sinto ou o que acho que sinto.
Tolice pensar que ele é "o cara" por um sonho ou um pressentimento né? Pois é... Eu também acho. Mas o meu coração é capaz de explodir se eu não puder estar com ele mais uma vez. Não me importo com mais nada desde que o conheci... Ok, me importo, mas agora, sem ele saber é uma parte de mim. E eu farei o que puder para estar com ele.

Correntes-6-

E eu não conseguia parar de pensar naqueles momentos silenciosos desejando voltar no tempo para estar com ele denovo...
Esperança idiota...
Talvez eu nunca mais o visse e esse "sentimento" fosse passageiro...
Mas eu ainda queria, ainda quero sentir o doce sabor daqueles lábios.
Os dias eram sempre tão iguais e tudo muda ao lado dele.
Eu não sei o que acontece...O que acontece quando estou com ele...
Me sinto a garota mais feliz do mundo sem saber porque...
Eu mal o conheço... Por que esses sentimentos estão aqui então?
Ele é um anjo ou um demônio? Ainda não sei, não tenho nenhuma resposta de nada.
Algumas semanas depois, eu e as garotas começamos a compor para o nosso primeiro disco, eu estava "feliz" mais uma vez... Isso é bom, eu acho...
Saíram letras sobre os mais diversos temas, mas as que eu compus, sem perceber eram tristes doloridas baladas de amor.
Coração tolo.

Correntes-5-

Por quê? Por quê fiquei triste?
Essa pergunta idiota me acompanhou na volta pra casa, e na cama, e pela manhã, e no serviço e na faculdade e nos ensaios...
Parece pouca coisa pra me tirar o sono dessa forma né?
Mas não é...
Onde eu menos esperva via a silhueta dele... Me apeguei? Me apaixonei? Está mais para um misto de medo e paixão... Onde será que ele está?
O que será que ele faz quando está longe de mim?
Será que aquele rosto bonito é um disfarce para me matar? Mas, por que alguem me mataria?
Uma semana e um dia se passaram desde então.
Encontrei um bilhete em cima da mesa que ele estava no dia da macarronada. Não sei dizer se era a letra dele ou como ele falava porque nosso contato foi breve em todas as três ocasiões.
O bilhete pedia para que a gerente fosse encontrá-lo no sábado seguinte, estava assinado por Ritchie.
Peguei as filmagens de segurança e o vi deixando o bilhete sobre a mesa.
Meus mistérios seriam finalmente solucionados.
O horário era ás oito da noite próximo ao parque da cidade.
Eu apareci lá ás 19:59 minutos em ponto e ele não chegou.
Acabei esperando até as nove. ouvi um barulho forte vindo do céu, como o farfalhar de uma árvore praiana em dia de ventania.
Tapei os ouvidos e fechei os olhos na tentativa de me proteger do que quer que fosse que estivesse acontecendo. O som finalmente parou depois de alguns segundos e então ele surgiu de um canto escuro, a respiração acelerada e as maçãs do rosto coradas.
-Me desculpe-ele disse-Acabou havendo um imprevisto... Te fiz esperar por muito tempo?
-Só por duas horas, se eu não estivesse tão curiosa, na certa já teria ido embora.
Ele deu um sorriso gentil. Eu retribui o sorriso. Ele me abraçou. Eu abracei de volta, com o coração um pouco acelerado.
-Então? Ritchie né? Diga o que gostaria de conversar...
-Sim, Moça bonita que ainda não me disse o nome, na verdade eu não tenho um assunto específico...
Apenas queria sair com você e sou tímido demais para chegar e falar, "hey moça, quer sair comigo?"...-começou ele todo embaraçado-Mas acho que talvez você aceitasse, afinal está aqui, não é?
Eu sorri.
-Como é seu nome?-ele insistiu.
-Vivienne.
-Lindo nome, acho que todos provavelmente lhe dizem isso.
-É por causa de minha mãe, ela adora roupas dessa marca, dessa estilista e me deu este nome em sua homenagem e eu acabei me apaixonando por moda. História chata de família, não quero te aborrecer com isso.
Por algum motivo, eu estava esperando pra ver até onde esta coisa iria... Lógico que foi uma atitude um tanto irresponsável, eu poderia voltar pra casa num caixão, numa urna de crematório ou não voltar pra casa, mas tinha alguma coisa naquele Ritchie... Alguma coisa...
Caminhamos lado a lado naquela noite escura e sem estrelas, estava calor... Eu não sabia o que perguntar e ele mal falava também, então descobri que ele realmente era tímido e provei minha timidez também. Ele acidentalmente tocou seus gélidos dedos nos meus.
-B-bem no q-que você trabalha?-perguntei, tentando quebrar o silêncio.
-Sou marceneiro.-Disse ele olhando para o céu e apontando para a única estrela brilhante no céu aquela noite.-Está vendo aquela estrela?
-Sim.
-A partir de agora o nome dela é Vivienne.
Eu sorri sem jeito.
-Sabe por que?
-Não.
-Porque quando eu sentir medo da escuridão da noite e do meu coração eu vou olhar para ela e pensar "Vai ficar tudo bem" e vou lembrar desse sorriso lindo e tudo vai ficar bem.
As maçãs do rosto dele mudaram de rosa para carmim bem vivo. Eu achei fofo. Segurei a mão dele sem dizer nada. Voltamos a caminhar.
-Suas mãos são macias.-eu disse.-Nem parecem com mãos de marceneiros.
Ele riu, o som da sua gargalhada era o som mais insano e doce que já ouvira antes, aliás, sua voz toda era assim, rouca, doce e "AHHHRRRGG!!", entende? Cada gesto dele era delicado e suave assim como patinação de gelo artística.
Ele parou com aqueles olhos de fogo olhando para mim e eu fiquei ali sem fazer nada, apenas olhando de volta, com o máximo de desejo e paixão que pude acumular no coração.
Mas então, ele baixou a cabeça e olhou de novo para o céu.
Eu precisava ir... Estava ficando tarde... Perdi um dia de faculdade por aqueles momentos.
Não sabia o que aconteceria...
A cada segundo que eu passei ali, eu desejava mais ainda saber o que o tal destino reservava para nós.
Do nada ele me abraçou e me deu um beijo estalado no rosto, disse que sabia que eu precisava ir.
E então eu fui.
Nós não nos despedimos... Apenas fomos embora.
E eu novamente estava feliz... Só feliz...

Correntes-4-

E então, sem que eu soubesse como ou porque, mais coisas boas começaram a acontecer comigo.
Fui promovida a gerente, ganhei uma bolsa na melhor instituição de ensino do país para cursar moda, tudo simplesmente perfeito de uma maneira que mal posso descrever...
Os meus sorrisos estavam tão fáceis quanto ouvir a gargalhada de uma criança ao ser jogada para o alto.
A melancolia e o tédio foram quase completamente eliminados da minha vida.
Eu passei a agradecer os raios de Sol que entravam pela minha janela, a brisa e os sorrisos.
Tudo pra mim era novo, irreal... Doce... E até certo ponto sentia a magia no ar.

Era um estado pleno de felicidade que jamais havia experimentado antes e estava aproveitando tudo, sugando todas as oportunidades e sorrisos que pudesse.
Ganhei uma folga, aproveitamos para marcar mais um show e aquela fogosa emoção tomou meu coração mais uma vez...
E estava ainda mais entusiasmada, era um festival numa praia... Duas coisas que eu amo... Praia e música...
Fizemos apenas covers dos mais diversos de MPB a PUNK ROCK.
Saindo pelos fundos, meus pais estavam esperando, empolgados como sempre. Antes de ir para casa, tomei uma cerveja e fui dar um mergulho...
Quando voltei ele estava a minha espera.
Sim, o rapaz dos cabelos brancos...
Por alguma razão meu coração acelerou e eu fui ao encontro dele sem entender o que estava acontecendo, e então ele me abraçou e foi embora.
E eu fiquei parada ali.
Por um instante acabei acreditando naquela histórinha mole de que queria me impressionar.
Eu queria saber  porque ele se foi... Aliás, saber tudo, desde como ele sabia que eu estaria na livraria, até como sabia que eu estaria naquela parte da praia naquela hora...
Sem entender, lágrimas rolaram dos meus olhos... Mas por quê? ele era um estranho! Um desconhecido...
Minha mãe foi me chamar, eu me enrolei numa toalha felpuda e branca secando as pontas dos cabelos negros e batendo a areia dourada das pernas...

Correntes-3-

Os dias correram normais depois daquela dupla "coincidência", tudo tedioso...
Trabalho, família tudo.
Até os passeios, as festas e as "bebedeiras".
Finalmente depois de alguns meses consegui montar uma banda... Isso alegrou o dia, admito.
Ensaios e mais ensaios, até finalmente marcarmos nosso primeiro show.
Ficou marcado pra dia 19/05, meu coração estava acelerado e eu tinha medo, a adrelina foi tomando conta do meu corpo a medida que o dia se aproximava...
E então o dia tão esperado chegou... Fui o mais básica possível, camisa de manga preta, calça jeans e all-star nos pés. Meu baixo 70' Precision Fender estava devidamente polido e afinado.
Nos anunciaram no palco de um barzinho... Eu e as garotas subimos no palco, elas estavam chamando muito mais atenção que eu visualmente falando, afinal, geralmente os baixistas são ignorados, então não dei muita importância...

Senti minhas mãos gelarem, foi uma sensação inexplicável, era a minha primeira vez em cima de um palco. As luzes refletiam nos meus olhos e eu tocava com o coração, meus dedos deslizavam pelo corpo delicado e duro do meu instrumento, eu estava dando o melhor de mim, a platéia ficou admirada e eu pude ouvir seus gritos de excitação.
De vez enquando, eu lancava alguns sorrisos e olhares tímidos para o público ou brincava com Sakura, a minha vocalista.
Sakura é uma garota legal, superfeminina e delicada, olhos verdes e um lindo potencial vocal, ela explorava aquilo, devorava aquilo, cantava de uma forma pura e selvagem, fazia com que tudo saísse perfeito.
Bom, já que vou falar das garotas da banda, temos a Angel na guitarra solo, ela é a mais engraçada entre todas nós... Ela parecia estar jogando vídeo-game pela facilidade com que realizava aqueles solos.
Mary na guitarra base, ela era a mais centrada, perfeccionista, mas bem agitada nos palcos.
Rose na bateria, ela é um pouco agressiva, mas era o tipo de agressividade necessária para agradar os ouvidos de todos e ao mesmo tempo, doce, um misto de uma porção de coisas.
E eu, no baixo...
Voltando á experiência, tocamos por uma hora e meia, o bar era pequeno, estava lotado, saímos pelos fundos do palco, nos apressamos para desmontar e guardar nossos respectivos instrumentos, sendo barradas a cada meia dúzia de passos por pessoas que acabaram de ver a nossa performance.
Fazia tempo que não sentia tanta felicidade transbordar de meu coração... Eu sou a mais sensível do grupo, então, a cada elogio, meus olhos enchiam-se de lágrimas.

Correntes-2-

No dia seguinte, fiz as mesmas coisas descritas anteriormente... Não todas, porque hoje meu hamster me mordeu e eu fui trabalhar com um band-aid no dedo.
Hoje não pude sair para almoçar, a mocinha que prepara o almoço precisou sair, recebeu um telefonema da escola da filha dela dizendo que esta estava passando mal.
Então, sobrou para eu ficar...Tudo bem, ia ganhar um pouco a mais por "perder" o meu almoço...
O problema era que estavamos com falta de funcionários, então eu tive que ajudar a servir também...
Saí por volta das 13:21, levar um prato de macarronada á bolonhesa, para a minha surpresa, aquele prato era para o rapaz dos cabelos brancos.
Achei aquela situação estranha, mas depois decidi que foi apenas uma coincidência.
Embora estava começando a achar aquela situação um pouco desagradável e inevitavelmente pensei que ele poderia ter me seguido sem que eu notasse na volta do trabalho.
-Olá, você por aqui? Encontrou o livro que queria?-Disse deixando o prato sobre sua mesa.
-Sim, estava passando apenas... Na verdade, encontrei, mas eu só disse algo sobre culinária para impressioná-la... Mas ainda não sei se funcionou...-Respondeu com um sorriso amigável no rosto.
-Sinceramente, me fez pensar sobre você por algum tempo... Mas especificamente sobre a cor incomum dos teus cabelos... Você não me parece tão velho para ter cabelos brancos.
-É de família-ele riu- A maioria dos homens lá de casa começam a ficar com os cabelos grisalhos pelos seus 10 anos...
-Interessante-sorri-Me desculpe nos interromper, mas preciso voltar ao serviço infelizmente...
-Ah, claro, me desculpe-mais um sorriso.
Voltei para a cozinha.
Uma hora mais ou menos depois de nossa curta conversa, a mesa dele estava vazia, embora o perfume dele estava ao redor.
A conversa de hoje me deixou mais intrigada a respeito dele, agora não apenas por causa dos cabelos, mas sim do jeito que ele fala e como provavelmente me seguiu ou como "quis me impressionar"... Não sei se um dia acreditarei naquela conversa boba ou se vamos nos ver de novo...

Correntes-1-

Acordei cedo esta manhã, com o cabelo despenteado como sempre, e vi no espelho um tímido sorriso brotar de meus lábios.
Por algum motivo eu estava feliz... Só feliz... Sinto que talvez algo legal aconteça pra variar um pouco...
Saí caminhando, logo depois de um farto café-da-manhã e de me despedir de minha família e do meu pequeno hamster.
Rotina é uma coisa meio sem graça.
Continuei andando com a brisa gélida nas faces e o coração aceleradissímo...
E então cheguei na padaria onde eu trabalhava... Sim, sou uma garota normal, com um emprego normal e uma família normal, que era uma aluna razoável na escola e não teve dinheiro para a faculdade.
Coloquei o uniforme e prendi meus cabelos num coque.
Trabalho na cozinha.
Os pedidos chegavam, me fizeram ficar um pouco atabalhoada...
No almoço, saí pra dar uma volta... Fui para uma livraria...
Encontrei algo que me chamou a atenção...
Um rapaz de cabelos longos e brancos, olhos quentes (realmente me lembravam fogo), pele alva e lábios cor de sangue... Não soube ao certo se era uma visão do paraíso ou do inferno.
Ele se aproximou de mim com um sorriso no rosto, os dentes que mais pareciam presas, poeticamente enfileirados, me fazendo delirar por um breve instante...
-Olá!-ele disse-Você poderia me ajudar? É que eu adoraria saber onde fica a sessão de livros culinários, se é que nesta livraria tem...
-Claro, fica no quarto corredor na prateleira á direita.-respondi.
-Obrigado.-agradeceu com um novo sorriso estonteante.
Dessa vez eu sorri também, comprei os livros que precisava (queria) e voltei para o trabalho.
O resto do dia foi completamente normal, cheguei em casa, tomei um banho e fui tocar contrabaixo, mas não consegui tocar direito, o rapaz dos cabelos brancos estava ocupando a minha mente e eu mal pude me concentrar...Eu fiquei me perguntando se ele era velho ou se tinha tingido o cabelo e então cheguei á conclusão de que ele era bonito demais e jovial demais para ser velho...

Ela

Ela é uma garota esquisita...
Cabelos bagunçados e cheia de manias...
Ela espera mudar o mundo com suas palavras e seu coração...
Ela acredita em coisas que a maioria das pessoas não entende...
Ela gosta de livros, gosta de discos e de desenhar...
Ela gosta também de escrever, porque assim o mundo inteiro cabe nas suas mãos...
Ela vê o céu e as estrelas com curiosidade de menina, e vê os olhos e os corpos com olhos de mulher...
Ela é confusa e atrapalhada...
Ela é também desorganizada...
Ela gosta de estar sempre bonita e também de costurar...
Ela é muitas em uma só...
Ela tenta ser a amiga, a mãe e a namorada...
Ela espera ser um exemplo e ajudar as pessoas...
Eu acho ela maluca...
Ela gosta de proteger e de cuidar das pessoas... Tanto que ela se confunde com algumas coisas e se esquece de outras...
Pra ela ou é tudo ou é nada...
Pra ela é tudo infinito...

onze de setembro de dois mil e doze

Ele estava absurdamente lindo hoje...
Com aquela espinha intrometida no nariz, aquele brilho de herói nos olhos, aquele sorriso enorme e o cabelo bagunçado...
As vestes desarrumadas como sempre e as mãos macias como sempre...
Dizendo-me coisas que mal posso compreender, coisas que me assustam e me fascinam, coisas sobre um novo mundo que eu devo co-criar com ele...
Um mundo perfeito, sem medo, dor, fome, doenças e ignorância.
Um mundo de paz. Um mundo de luz...
E hoje ele me fez sentir ridiculamente especial para o mundo, ligeiramente perfeita...
E a melhor coisa foi quando ele disse que me ama... Não sei exatamente o que ele quis dizer, quer dizer, se ele realmente me ama... Mas eu gostei... Fiquei simplesmente feliz...E a única coisa que consegui dizer foi "Eu também te amo"...

Satellite *u*

Faltam 08 dias para 05 meses....Os mais doces e confusos da minha vida...

Eu não sei... Estou confusa com todo esse amor e essas lágrimas e mensagens de celular...

Nós não fazemos sentido... Eu acho...

Eu sei que eu queria estar olhando pra você agora, se estivesse deitado na minha cama...

Sei que não quero deixar que se machuque, nem se magoe em hipotese alguma.... Sei que quero fazer você gostar de mim a cada dia mais...

E aquele "Essa é minha garota!" faz com que eu creia que esta "luta" por seu coração valha a pena...

Memo tendo vezes em que me chamou basicamente de "Criança suburbana

que não está nos meus planos"...

Tá aí... Somos então um misto de canções como Satellite (SEX PISTOLS) & M+M's (BLINK 182)...

Onde ambos se desejam, querem ficar juntos, mas ao mesmo tempo não acreditam nisso... E acabam se magoando...

Quero mudar o final dessas músicas incertas na nossa vida...

Mudar pra um Eu & Você certos...


Continuar com nossos planos bobos de comprar um apartamento na Liberdade apenas para comprar animes e mangás e comer Yakissoba e ver shows de rock todos os dias...

Você é sem sombra de dúvidas meu sonho... Lindo, inteligente, divertido, engraçado, sensível, gentil, educado, corajoso, personalidade forte e ás vezes meio maluquinho...

Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente...

Mas eu vou fazer tudo o que eu puder para estar com você...
Não há um dia que eu não pense em você... Então você realmente é importante pra mim, e eu não vou desistir sem lutar...

Kimi ni Todoke

É engraçado...
A gente se acostuma muito fácil com as coisas...
Por exemplo, eu, agora, me acostumei com o som daquela voz, com o brilho daqueles olhos, o sorriso daqueles lábios, a maciez daquela pele... Cada traço, cada curva daquele corpo... Cada gesto e cada palavra movidos por aquele coração...

A ideia de ficar longe dele é assustadora... Talvez eu morra, talvez eu enlouqueça, talvez eu chore(mais do que já chorei porque entre eu e ele nesses quase 5 meses de enrolação, chorei muito...), talvez ele chore... Eu não sei e não quero saber...
Quero aquele sorriso radiante todas as manhãs...
Aquele doce beijo molhado e quero principalmente a coragem e confiança pra falar para aquela pessoa o que eu sinto... E que fiquemos juntos para sempre...
Não para sempre sempre... Só pra sempre... Eternizar cada riso e cada despedida nos nossos corações...
Uma doce lembrança... Um doce amor...
Só queria que meu coração chegasse até você...

Sorrisos e lágrimas se misturam numa incerteza imensa...
E o desejo e o medo também... Não medo de você, mas medo de me ferir o coração denovo...

Tá... Hoje é dia da Independência do Brasil... E daí?
É tipo... Muito esforço pra nada...
Muitos políticos que só engordam os próprios bolsos...
Muita gente ignorante que vota sempre nos mesmos por pensarem "Ah, fulano já tá aí por tanto tempo, então ele deve ser bom" ou ainda, se esquecem dos escândalos e acham que vai ficar tudo bem...
Ah, mas também, como eu posso desejar um país livre, socialmente igual, um país que viva em harmonia, se aqui está lotado de gente que vive pensando em "tche tche rere" "tchu tcha" e tantos outros exemplos de inteligência... Aliás, é inegável a inteligência deles... Descobriram que as grandes massas tem gosto de porco e lucram com isso ainda...

Tantos rostos, cheiros, sons, corpos e eu sinto apenas falta de você...
Você que partiu meu coração em dois, mas ambas as partes te desejam loucamente e não há nada que eu possa fazer pra mudar isso...

Perdendo o tempo

Estou perdendo meu tempo.
Gastando minhas lágrimas.
Perdendo meus sorrisos.
Gastando meu coração...
Tudo isso por você que esquece do quanto é importante pra mim...
Ainda me lembro de cada segundo e cada palavra... Memórias inúteis atoladas em meu cérebro...
Se continuar me fazendo pensar em você á toa, perder meu tempo te ligando, querendo te dar meu coração e com a esperança de ficarmos eternamente juntos, eu juro que vou me formatar e deletar você de mim...
Estou cansada de perder meu tempo pensando em você...
Embora agora pra mim você signifique tudo... Nada é tão absoluto que não possa ser mudado...
E aquela lua cheia que ao seu lado e hoje me traz tanta saudade logo vai embora e vai te levar pra longe do meu coração...
As sombras da nossas pegadas no chão e o cheiro do nosso amor estão se perdendo com o vento e a luz...
Estou cansada de tentar recuperar o tempo perdido então, ou você luta, ou pra mim chega. Problema resolvido. Vai doer? Lógico, em mim já está doendo... Se vai doer em você? Eu não sei e nem me importo... Tou cansada de lutar e nunca vencer no amor... Mas agora a culpa não é minha... É sua...

M+M's

Este simples docinho crocante de chocolate tem gostinho de nós, embora nunca tenhamos comido juntos...
Mas ele dá nome aquela música que fala de nós sem querer, por ser de uma época em que não sonhávamos em nos conhecer e nos gostar...
Embora hoje eu não saiba ao certo se é bom ou ruim gostar de você... Embora eu saiba que você não goste mais de mim talvez...
E talvez também você tente ser tão perfeito por estar entediado... Talvez tenha ficado comigo por estar entediado...
Eu realmente não te entendo... Quer que eu fique só com você e some...
Me deixa aqui, sozinha sem notícias, relembrando os bons momentos, com uma caixinha de M+M's e o rosto coberto por lágrimas...
Isso não faz sentido... Isso não faz bem pra  mim...
Se você gosta de mim, me prove!
Porque pra você eu já provei de mais o meu amor.